Uma luxação pode acontecer com qualquer um a qualquer momento. Normalmente, ocorre quando tropeçamos, nos chocamos durante uma atividade física que envolve contato físico ou sofremos um acidente, por exemplo. O nosso pé é responsável por carregar todo o peso do nosso corpo e qualquer desequilíbrio ou lesão no local pode resultar em uma luxação no pé.
A lesão pode dificultar o movimento, causar dor e inchaço e deformar de forma temporária a região do pé luxado. O tratamento é muito importante para que os ossos possam voltar para as suas posições e evitar danos mais graves às articulações envolvidas.
Esse artigo mostra como reconhecer os sintomas de uma luxação no pé e o que fazer no momento que a lesão acontece.
Luxação no pé – O que é?
A luxação é um deslocamento que ocorre em 1 ou mais ossos em relação à sua articulação de origem. Ou seja, a luxação acontece quando o osso se desloca para fora de sua articulação.
Só o pé humano contém dezenas de ossos e articulações, o que significa que qualquer movimento mal planejado ou uma queda pode resultar em uma luxação. A luxação envolvendo qualquer um desses ossos e articulações pode resultar em uma dor intensa e um grande desconforto.
O desconforto devido à uma luxação no pé ocorre porque todo o nosso peso corporal é transmitido para o chão por meio da curvatura do pé.
Essa curvatura, chamada também de arco, é uma estrutura forte e projetada para dar conta de todo esse peso durante os deslocamentos diários e deslocar o peso da metade dianteira do pé para a parte traseira durante o caminhar e qualquer outra atividade. Não é à toa que qualquer tipo de lesão no pé pode prejudicar muito os movimentos básicos do dia a dia.
Estrutura óssea e articular do pé
Para compreender melhor o impacto de uma luxação no pé, vamos ter uma aula básica de anatomia.
O pé é dividido em 3 partes, chamadas de seção frontal (peito do pé ou antepé), seção intermediária (arco do pé) e seção traseira (calcanhar).
O antepé é sustentado pelos dedos dos pés que são formados por ossos chamados de falanges e metatarsos. A parte do meio do pé é sustentada pelos ossos metatársico, cuboide, navicular e cuneiforme. Já a parte traseira do pé é composta por ossos como o talus e a calcânea, além de alguns ossos cuboide e navicular. Os sintomas de luxação podem ocorrem em qualquer uma dessas 3 seções.
Tipos de luxação no pé
1. Luxação no antepé
Os ossos do antepé descritos anteriormente são estabilizados através de 14 articulações e a luxação em qualquer uma delas causa dor aguda intensa.
2. Luxação no meio do pé
No meio do pé, existem 16 articulações. Uma luxação em uma delas pode resultar em dor e inchaço em toda a região da curvatura do pé.
3. Luxação na parte traseira do pé
A parte de trás do pé contém apenas 3 articulações. Na verdade, tratam-se de continuações da articulação do tornozelo. Qualquer lesão nessa região pode resultar em dor intensa e aguda por todo o pé e também no tornozelo.
Sintomas
Os sintomas de uma luxação no pé são os seguintes:
- Dor aguda em qualquer parte do pé ou tornozelo que surge logo após a lesão ou trauma e que pode durar até 3 meses ou mais (quando se torna crônica);
- Sensibilidade extrema ao tocar no pé próximo à articulação que está luxada;
- Pele deformada, vermelha ou machucada na região da luxação;
- Descoloração da pele que pode ficar roxa no local da lesão;
- Dor no pé, mesmo em repouso;
- Dor intensa no pé durante a execução de movimentos;
- Deslocamento do osso pode ser visível sob a pele;
- Formação de hematoma, indicando um coágulo sanguíneo no local;
- Deformidade nos dedos ou em outras partes do pé;
- Incapacidade de curvar ou mover os dedos do pé;
- Dificuldade ou incapacidade de fazer movimento de rotação com o pé;
- Inchaço na pele.
Ao notar pelo menos 3 desses sintomas, é bem provável que você tinha sofrido uma luxação e o tratamento adequado será essencial para uma rápida recuperação.
Quando uma luxação não é tratada e a articulação não se recupera como deveria, podem ocorrer complicações de saúde como:
- Danos aos nervos ou aos vasos sanguíneos circundantes;
- Maior risco de sofrer uma nova luxação;
- Desenvolvimento de artrite na articulação afetada, principalmente em pessoas mais velhas;
- Estiramento nos músculos, ligamentos ou tendões que são suporte à articulação lesionada.
Se alguma dessas complicações surgirem, um tratamento complementar deve ser adotado para solucionar esses danos no local.
Fatores de risco
Pessoas mais suscetíveis a quedas como crianças e idosos têm um maior risco de sofrer uma luxação.
O fator hereditário também pode influenciar, já que algumas pessoas naturalmente nascem com uma estrutura articular mais fraca e mais propensa a lesões do que outras.
A prática de esportes que exigem contato físico ou de alto impacto podem aumentar o risco de luxações.
Acidentes de carro, principalmente quando as vítimas não usam cinto de segurança, também podem resultar em luxações e em outras lesões ainda mais graves.
O que fazer
Ao suspeitar de que está com uma luxação no pé, a primeira coisa a ser feita é tentar imobilizar o local para evitar mais danos e procurar atendimento médico para fazer um diagnóstico. Se possível, coloque gelo sobre o local enquanto vai para o hospital para ajudar a reduzir o inchaço e evitar a formação de hematomas.
Geralmente, é solicitado um exame de raio-X para confirmar a luxação. Dependendo da região, pode ser preciso realizar várias radiografias em diferentes ângulos para ter uma visão detalhada da lesão.
Em locais mais difíceis de visualizar por meio de um raio-X, pode ser necessário um exame de ressonância magnética como no caso de luxação no meio do pé, por exemplo. Já a ultrassonografia raramente é solicitada e só é feita quando o inchaço no local é muito grande.
Depois de obter o diagnóstico, o médico irá prescrever o melhor tratamento para o seu caso.
Como tratar
O tratamento vai variar de acordo com o tipo e a gravidade da luxação, mas geralmente o tratamento pode envolver:
– Redução da luxação
Esse procedimento geralmente é feito na hora do atendimento médico após ser confirmado o diagnóstico de luxação. Em uma redução, o médico ortopedista tentar realizar alguns movimentos para forçar os ossos a voltarem para o local correto. Em alguns casos, um anestésico pode ser administrado ao paciente para que o ortopedista possa realizar as manobras necessárias sem causar dor ao paciente.
Esse tipo de manobra deve ser feita apenas por um médico ortopedista. Nunca tente colocar um osso de volta no lugar sozinho ou com a ajuda de um amigo.
Se a luxação for leve, pode não ser necessário recolocar o osso no lugar, pois ele voltará sozinho para a articulação de origem após a imobilização.
– Imobilização
Uma tala pode ser colocada no pé para limitar o movimento do mesmo, dando um tempo de descanso para o pé se recuperar. O tempo pelo qual o paciente deve ficar com o pé imobilizado pode variar de acordo com a gravidade da lesão.
– Medicamentos
Para aliviar a dor durante a recuperação, o médico pode receitar algum remédio anti-inflamatório ou analgésico para ser tomado durante os primeiros dias de tratamento. Exemplos incluem o ibuprofeno, o naproxeno sódico ou o paracetamol.
– Cirurgia
Em casos em que os ossos não voltam para o lugar mesmo após realizar os procedimentos de redução e imobilização ou quando outras estruturas adjacentes como os vasos sanguíneos, os ligamentos ou os nervos próximos estão muito danificados, o médico pode indicar uma intervenção cirúrgica.
Nesse caso, a cirurgia consiste em reparar os danos e reposicionar os ossos no lugar adequado.
– Reabilitação
Depois da remoção da tala, é importante passar por um período de reabilitação que normalmente consiste em algumas sessões de fisioterapia para fortalecer a articulação e restabelecer a amplitude de movimento que pode ter sido prejudicada durante o período de imobilização.
Em casos de cirurgia, o cirurgião deve indicar o tempo de repouso necessário e restringir algumas atividades físicas durante as primeiras semanas de recuperação.
Tempo de recuperação
O tempo de recuperação pode variar dependendo do local luxado, da quantidade de articulações e ossos envolvidos, da complexidade da lesão e do tratamento adotado. Assim, um pé levemente luxado pode se recuperar em poucos dias de repouso, enquanto outros podem demorar várias semanas para total recuperação.
Em geral, a reabilitação completa leva em média de 6 a 12 semanas incluindo as sessões de fisioterapia necessárias.
Outras dicas
Há também outras dicas que podem ajudar durante a recuperação da articulação lesionada como:
– Descansar
A articulação precisa de descanso para se recuperar. Mesmo depois de o osso voltar ao lugar, evite realizar movimentos bruscos ou repetir certas atividades que por ventura resultaram na lesão. Além disso, evite movimento que causam dor pelo menos durante as primeiras semanas de recuperação.
– Aplicar compressas
Além da compressa de gelo aplicada no momento da lesão, é possível continuar aplicando compressas durante a recuperação da luxação no pé.
Nos primeiros 2 dias é indicado aplicar gelo envolto em um pano ou toalha ou então usar outro tipo de compressa fria para evitar que a inflamação se espalhe e para reduzir a dor. A compressa deve ser usada por 15 a 20 minutos a aproximadamente cada 2 horas.
A partir do terceiro dia, a dor e a inflamação já foram reduzidas, sendo possível aplicar compressas quentes que vão ajudar a deixar os músculos relaxados e melhorar a circulação sanguínea na região, contribuindo para uma recuperação mais rápida. É recomendado aplicar tais compressas durante no máximo 20 minutos de cada vez.
– Praticar exercícios suaves
A articulação imobilizada pode prejudicar a amplitude de movimento pois o período de inatividade gera rigidez nas articulações.
Para evitar que você fique “travado” depois da recuperação, os médicos indicam realizar alguns exercícios suaves a partir do terceiro dia de recuperação para manter a amplitude de movimento da articulação mesmo enquanto se recupera. No entanto, é importante realizar exercícios bem leves e recomendados pelo ortopedista ou fisioterapeuta.
É possível prevenir uma luxação?
Infelizmente, muitas vezes não há como prever uma queda ou uma lesão antes de ela acontecer. As únicas medidas preventivas que você pode adotar são tomar cuidado com obstáculos no seu caminho e fortalecer as articulações por meio de exercícios físicos, já que articulações fortes e saudáveis são menos suscetíveis a luxações e outros tipos de lesões.
Além disso, se você já sofreu alguma luxação no pé, pode ser que essa articulação fique mais frágil do que antes, tornando-a mais propensa a sofrer uma nova luxação no futuro. Assim, cuidado redobrado deve ser tomado para evitar novos contratempos.
Referências Adicionais:
- https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/dislocation/diagnosis-treatment/drc-20354119
- https://www.mayoclinic.org/first-aid/first-aid-dislocation/basics/art-20056693
- https://orthoinfo.aaos.org/en/diseases–conditions/lisfranc-midfoot-injury/
- https://emedicine.medscape.com/article/823087-overview
- https://www.urmc.rochester.edu/encyclopedia/content.aspx?contenttypeid=134&contentid=504
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2739457/
Você já teve uma luxação no pé ou conhece alguém que teve? Como foi essa experiência e o tratamento? Comente abaixo!
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