sexta-feira, 19 de junho de 2020

Como se conectar com sua espiritualidade

Um mundo hiper conectado e cheio de gente desconexa de si

O mundo parou e temos tido uma oportunidade ímpar de também pausar do piloto automático, tomar um ar fresco e repensar as prioridades da nossa vida. O contexto atual da pandemia – que requer cuidados já amplamente recomendados – pode ser também um frescor para construir novos e revigorados começos em todos os níveis, do individual ao coletivo.

E para falar sobre como afinal podemos nos conectar com nossa espiritualidade na prática, vou diferenciar conceitos e trazer algumas desmistificações ou recomendações importantes que tenho aprendido ao longo da minha jornada e dos conhecimentos adquiridos até aqui.

Espiritualidade X religião

A compreensão sobre espiritualidade é subjetiva e múltipla, mas não necessariamente sobre uma religião: há religiões que trazem espiritualidade e há espiritualidade sem o caminho sinalizado por uma religião.

Conectar com nossa espiritualidade seria ampliar nossa percepção para algo maior ou um entendimento do que permeia e move nossa existência, seja isso uma energia universal, o cosmos, a unidade, a criação, aquilo que tudo é, Deus ou como você preferir chamar – não tenho a pretensão de entrar nesse território específico de definições e também acredito que cada pessoa deve buscar e trilhar o seu próprio caminho com liberdade, com seus próprios pés e sua intuição para descobrir o que mais ressoa e faz sentido pra ela naquele momento.

Já as religiões em si, trazem dogmas e sistemas de crenças que geralmente têm uma espiritualidade atrelada – são instituições que se apresentam como pontes para religar ou reconectar pessoas a uma espiritualidade específica. Isso pode ser um caminho e fazer bem para muitas pessoas e aqui não faço um julgamento sobre isso.

Mas a conexão com nossa espiritualidade não precisa necessariamente passar pelos caminhos sinalizados por uma religião específica – pois há múltiplos caminhos possíveis de se conectar, e muitos deles, de forma independente e sem barreiras. E é dentro desse viés que eu compartilho com vocês aqui.

Espiritualidade X individualidade

Acredito que a liberdade individual seja fundamental para mergulhar no caminho da espiritualidade, por não existir verdade absoluta sobre as coisas e cada indivíduo atribui compreensões a partir das perspectivas e experimentações que se permite vivenciar.

É como a trajetória do herói que caminha pelo mundo com seus próprios pés e nessa jornada se permite viver múltiplas experiências sob diferentes perspectivas e retoma à casa com compreensões diferentes das que acessava anteriormente. Lembrei de um texto conhecido do Amyr Klink em que fala que um homem precisa viajar, e quando reli isso, imaginei que sob a ótica da espiritualidade pode fazer sentido:

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.

Amyr Klink

6 coisas que você precisa saber sobre espiritualidade

  • 1. Espiritualidade não tem um ponto de chegada, é a caminhada em si

Não é sobre um ponto que se alcança, e a partir desse lugar, você se torna uma pessoa iluminada e pronto – esquece isso. É algo que se constrói sem fim, trilhando cada vez mais próximo ao caminho do meio. Uma linha tênue que equilibra todas as polaridades, sentimentos, desafios e experimentações; a forma que encaramos os desafios, tomamos decisões e conduzimos a nossa própria vida.

  • 2. Esteja aberto a novos conhecimentos e a desconstruir o que você sabe

Permita-se sair da caixa e conhecer novos territórios que muitas vezes podem esbarrar em crenças que você carregava até aqui. De modo prático, a dica aqui é: estude sobre espiritualidade, procure uma certa lógica e bons interlocutores do assunto, já que uma boa curadoria ajuda muito a filtrar e faz toda a diferença na compreensão. Não é sobre só meditar e esperar algo transcendental vir – mas agir, arregaçar as mangas e buscar expandir seu conhecimento, e naturalmente, a sua consciência.

  • 3. Nem tudo faz sentido pra todo mundo e está tudo bem

Se somos pessoas plurais e vemos perspectivas diferentes de uma mesma esfera, nem tudo faz sentido pra todo mundo mesmo. Um assunto pode lhe interessar, já outro nem tanto. Ou talvez não seja o melhor assunto pro seu momento presente, pode ser que a informação consultada não seja confiável ou até que você tenha um pouco de resistência e crenças que precisa ir quebrando aos poucos.

E por tudo ser tão diverso e subjetivo, não precisamos impor um conhecimento nem forçar nossa verdade a ninguém. Além disso, quando você se depara com algo que poda a sua liberdade, que está cheio de condicionamentos e rigidez ou que traz a vibração do medo no discurso, fuja que geralmente é cilada, viu? Tem que ser leve e agregar na sua vida com coerência e amorosidade.

  • 4. Aceitação sobre a impermanência da vida

Entregue-se para a experiência da vida e aceite a impermanência das coisas. Insistir em permanecer na zona de conforto pode nos impedir de obter mais aprendizados e amadurecimento na jornada.

Tudo está mudando e vai mudar ainda mais. Querer controlar nossa vida e o entorno dela pode ser um desperdício de energia e esforço muito grande, pois dessa maneira estaríamos remando contra o fluxo, e isso vale pra tudo. Às vezes, a vida só espera que a gente solte e abra mão desse controle, para se entregar com leveza e confiança ao que já está desenhado pra nós.

  • 5. É um movimento de dentro pra fora

Natural termos momentos de aflição em que procuramos respostas ou o sentido das coisas. Embora muitas vezes procuramos só no exterior e esquecemos que a clareza, a lucidez e o preenchimento do que nos falta podem ser acessados em nosso interior. E passamos a vida projetando carreiras, realidades, condicionando nossa felicidade a algo, ou até terceirizando responsabilidades, quando na verdade, deveríamos ser mestres da nossa própria história.

Quando nos permitimos olhar pra dentro de verdade, realizamos a desconstrução de crenças, padrões limitantes e repetitivos, curamos nossa criança ferida, perdoamos nossos pais, liberamos nossos sentimentos de culpa e de medo. Nesse autoconhecimento, vamos chegando mais perto de quem somos.

Se nosso interior está em harmonia, nosso mundo em volta também entra em ressonância com ele por compatibilidade de frequência. Por isso, precisamos cuidar bem da mente e do corpo como um templo essencial para acessar com mais facilidade as profundezas do espírito, que é uma parte integrada de nós com mais sabedoria, a que nos dá melhores insights pra vida e aflora nossa intuição.

  • 6. Espiritualidade na prática

Reorganize uma rotina e construa hábitos graduais que lhe engrandeça e que ajude a preservar a sua energia e desenvolva mais ainda sua espiritualidade. Assim a vida fica cada vez mais equilibrada, leve e preenchida de sentido quando você observa todas as áreas de maneira integrada.

Como tudo é questão de equilíbrio, ao implementar uma mudança, com um tempo ela se torna um hábito natural – lembre-se que cada um tem seu tempo e sua medida de foco e disciplina, sem se cobrar tanto por isso.

 

 


Sobre o autor

Mateus Morais é formado em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e tem atuado nos últimos anos com Marketing de Projetos em grandes organizações. É facilitador da imersão Despertar da Vida com Propósito, uma jornada de vivências de autoconhecimento. Estuda sobre espiritualidade e desenvolvimento humano e realiza consultoria sobre empreendedorismo consciente e sessões de Cura Interdimensional. Você pode acompanhá-lo pelo Instagram.

 

 


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